A indústria alimentícia brasileira tem acompanhado as transformações tecnológicas globais — e, nos últimos anos, a presença da Inteligência Artificial (IA) vem crescendo em ritmo acelerado. Seja no controle automatizado de estoques, na gestão de produção, na logística ou até mesmo na análise de dados de consumo, a IA tem se consolidado como uma ferramenta de eficiência e redução de custos.
Por outro lado, esse avanço também tem trazido sérias preocupações para os trabalhadores da categoria. A substituição de funções humanas por sistemas inteligentes começa a se tornar uma realidade em diversas empresas do setor. Profissionais que atuavam em tarefas administrativas, operacionais e de controle de qualidade, por exemplo, têm sido impactados pela adoção de algoritmos e softwares que aprendem, decidem e executam tarefas antes feitas por pessoas.
O resultado já é visível: corte de postos de trabalho, reorganização de equipes e aumento da incerteza quanto ao futuro profissional de milhares de trabalhadores da indústria de alimentos.
Diante dessa realidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) está diante de uma decisão histórica. A Corte avalia a importância da Negociação Coletiva como ferramenta legítima para equilibrar os impactos da transformação tecnológica — incluindo a inteligência artificial — nas relações trabalhistas. O relator do processo, ministro Luís Roberto Barroso, já afirmou que o Congresso Nacional falhou ao não criar um marco regulatório para proteger os trabalhadores nesse novo contexto.
Segundo o ministro, os avanços tecnológicos não são, por si só, um problema. Eles trazem benefícios importantes, desde que venham acompanhados de regras claras, responsabilidades sociais e garantias trabalhistas.
É exatamente isso que a Negociação Coletiva pode oferecer:
A inteligência artificial é uma realidade que não pode ser ignorada. Mas ela não pode ser usada como justificativa para o corte de direitos ou para a exclusão de trabalhadores.
O momento exige firmeza, organização e unidade. O futuro do trabalho nas indústrias alimentícias está sendo decidido agora, e os trabalhadores não podem ficar de fora dessa conversa.